Sede
Tenho a mania de entregar-me a tudoque me impulsiona a escrever...
Gosto da poesia,
que é ver o moreno,
saindo do mar,
esbanjando espuma
no seu abraço de sal.
Porém viro carangueja
Se pressupor que ele virá
Em minha direção aqui,
Na areia...
Porque?!?
Porque ele pode não ter
essa sensibilidade de água
pra compreender mudanças
Ele bem pode
não saber passar como o rio,
não saber voltar como as ondas.
E pode ainda, nunca ter vivido
uma cumplicidade numa tarde fria de julho
ao ponto de perceber,
que também é lindo,
o brilho cinza das nuvens
a se movimentarem no céu.
Também, bem pode não querer
estar ao meu lado
apenas e simplesmente
pra ouvir o canto do rio
e a respiração da floresta.
Ele pode não entender
nada das luas cheias, minguantes,
novas ou crescentes.
E também pode não se adaptar
às formas moldadas pelo tempo,
às alterações no clima.
Mas, se vier;
que fique
durante o tempo
que minha sede
seja de sua saliva!
Sandra Vianna
em algum mês de 2012